Guerra dos Tronos
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[Trama Secundária I] O Cheiro, O Luto e o Tridente

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Mensagem por Cecilian Blackwood 05.10.17 10:08

Tristan Blackwood



O castelo tinha o seu próprio aroma, um cheiro que rondava cada ambiente, cada canto, e até mesmo as pessoas que viviam nele, um aroma agradável de um lugar que nos trazia paz e conforto, as responsabilidades eram fardos leves, as discussões debates nem sequer nos afetava como família. Nós éramos novamente os Blackwood, lidando com tudo o que sempre lidávamos, depois de vinte dias corridos em uma exaustiva viagem na volta pra casa, eu não sabia direito nem mais como era dormir em uma cama confortável ao lado da minha esposa. Demorei uma semana para conseguir dormir uma noite toda sem interrupções me sentir novamente na segurança do meu lar.

Porém, naquela manhã, algo me chamou atenção, estávamos nós, todos os filhos de Beren e Luthien Blackwood, sentados no grande salão, atrás da mesa, prontos para abrir as portas do castelo e ouvir as famílias junto de meistre. O cheiro não parecia o mesmo naquela manhã, não era um  mau cheiro, apenas um cheiro que não pertencia aquele ambiente, algo que estava em minha memória, mas não conseguia lembrar de onde já havia sentido esse cheiro.

Cheirei levemente os cabelos de Cecil que sentava a minha esquerda, provocando o seu olhar esgueirado para mim e sua desconfiança, ela não me perguntou em voz alta, mas franziu a testa e balançando a cabeça levemente. Gesticulei com a mão para que ela esquecesse o que eu havia feito e tomamos nossa atenção para a primeira situação daquele dia de cheiro estranho.
-Este homem foi pego adentrando uma casa, ele diz ter se enganado, mas a família afirma que ele foi pego molestando a filha mais velha. -Comunicou o soldado

O homem pouco mais velho que nós, as roupas amarrotadas, cabelos desgrenhados, entretanto eu sabia que ele era um mercador da cidade, porém muitos reclamavam realmente do seu comportamento com as mulheres, e agora ele havia de fato cometido o ato que estava apenas ensaiando há tempos a ser feito.
-Lady Blackwood, a decisão é sua.  – Sussurrei no ouvido dela.
Deixei que minha irmã decidisse o caso, depois eu daria apenas a palavra final para que as normas fossem cumpridas.
-Peça que tragam a garota. – Ela sussurrou em meu ouvido.
-Tragam a garota. – Ordenei.

A jovem de cabelos embaraçados e castanhos adentrou o castelo com a face abaixada, estava envergonhada, quando na verdade foi ele quem cometeu tal atrocidade com ela. Assim que Cecil colocou os olhos nela, ela veio em meu ouvido e disse:
-Sem patrulha da noite, mandamos outros criminosos pra lá, este vai ser castrado.
-A família e a garota estão dispensadas. – Comuniquei. – Castrem-no.

Lady Blackwood tem um gosto peculiar de olhar as vítimas, todos aqueles que sofreram seja por alguma agressão, ela pedia para vê-los, um costume mórbido do meu pai para o julgamento, ele dizia que olhar a vítima nos fazia refletir ainda sobre o julgamento que devíamos tomar.

Este foi o primeiro de muitos acontecimentos do dia os quais foram exaustivos, mas não o suficiente para que negássemos algum treino antes que o sol pudesse se por. Não treinei, estava um pouco cansado, mas me atentei a olhar Ethan e Cecil.

O machado de Ethan batia contra o aço da lâmina de Cecil, era uma espada de leve porte e de bainha negra. Ethan era agressivo em suas lutas, sua intenção nos olhos parecia estar sempre querendo matar seu adversário, mesmo que fosse apenas um treinamento, ele só contentava em parar depois que via sangue dele ou de Cecil, tornando a luta muito duradoura. Já Cecil foi criada para matar todos nós, isso era claro, pois nossa mãe não nos treinava e exigia isso mais dela do que nós.

Deram uma pausa, afastaram-se, tomaram fôlego e voltaram a lutar, a voz de Cecil enquanto lutava era clara e alta, não ficava trêmula ou sem fôlego, o ritmo era muito mais constante que o nosso, o reflexo e agilidade eram invejáveis. Ela era muito mais uma cavaleiro do que todos nós juntos, Ethan só tinha prazer em matar, mas não tinha as técnicas que ela tinha.

Lembrei-me de uma batalha que tivemos com os Bracken há quatro anos atrás, Cecil havia acabado de sangrar pela primeira vez, quando em sua armadura negra, presente de meu pai a ela, derrotou e liderou alguns homens em um ataque, tornando-se a filha ideal dos meus pais. A obediente, a líder, a espadachim, a honrosa, e outros tantos adjetivos que eles davam a ela. Lady Blackwood era uma mulher diferente de todas as outras, mais mulher do que nós éramos homens, e para casá-la seria algo muito difícil, a ponto de Tymo se negar a pensar nisso por pelo menos dois anos.
-Olhe pra mim! Eu sou seu adversário! Quer dormir com as suas prostitutas? Quer naufragar em suas bebidas? Então aprenda a ficar vivo! – Gritava ela em bom tom. – Eu poderia ter degolado você em todas as lutas! – Os aços se encontraram novamente e Ethan abriu a guarda, desta vez não cobrira a parte da barriga. – Se não sabe lutar, vá para cidadela!

Cada um de nós, filhos homens, foi abençoado com algo, eu com o amor e misericórdia, Tymo com pontaria e paciência, e Ethan com beleza e persuasão. Ethan era belo, sua aparência física era muito superior a minha e de Tymo; os cabelos escuros e bem cortados, uma barba rala, mas bem afeiçoada ao rosto, era alto como nós, um porte parecido com o nosso, ombros largos, mãos grandes e braços fortes, e os olhos azuis.
Tudo o que Ethan queria, ele conseguia na conversa, nas ações e principalmente com as mulheres, exceto com a minha mãe. Entretanto, o seu charme funcionava muito bem em nossa irmã na hora de encobertá-lo de algumas irresponsabilidades que ele cometia, Cecil podia gritar com ele nos treinamentos e caçoá-lo dele em nossa frente na ceia, sendo a irmã malvada, mas eu sabia que era para ela que Ethan recorria nos momentos em que alguma moça exigia uma posição dele.

A primeira gota de sangue caiu no solo e foi de um desvio errado de Cecil, seu rosto foi levemente raspado, mas não pelo machado de Ethan, e sim pela flecha atirada por Tymo, que se colocou em meu lado após o tiro. O forte de Tymo era exatamente esse, arco-flecha, tinha paciência de esperar o tempo certo e uma ótima pontaria, sempre foi péssimo em lutas, sendo assim, preferia ficar em algum lugar escondido usando sua visão abençoada pelos deuses antigos. Desde os cinco anos, Tymo nunca errou uma flecha sequer, nem mesmo essa, pois se ela não tivesse desviado tão errada, teria acertado o seu ombro, o qual não era o objetivo de Tymo. Este era Tymo, sereno, calmo, sensato e calado. Respondia apenas quando achava que era permitido. Seus cabelos e olhos negros, a barba cobria boa parte do rosto e seu cabelo era bem aparado e liso, mal olhava para noiva Sophitia Rivers, bastarda de um Frey, pois havia uma mulher mais importante em sua vida, Cecil. Assim como Cecil protegia Ethan das conseqüências, Tymo protegia Cecil de qualquer homem, pois para ele nenhum homem era capaz de lidar com ela, ou melhor, nenhum homem iria deixar a essência dela intacta, a não ser nós que convivíamos com o crescimento diferente dela.

Ethan viu o rasgo na face de Cecil, e passara a língua em cima para provocá-la, ela o empurrou no chão e foi para cima dele dando um tapa em sua face, Tymo correu e a puxou de cima de Ethan, pegando-a por trás e depois a empurrando para longe de Ethan.

O sol estava se pondo, e a minha fome pela ceia estava aumentando,senti me tocarem pelos ombros, tirando minha atenção e diversão de ver meus irmãos se desentenderem como sempre fizeram, voltei-me para trás e me deparei com Yan Mormont, meu escudeiro e meu primo por parte de mãe, o jovem que era bem mais novo que Ethan e tinha traços nortenhos, com um pouco de vergonha me comunicou:
-Meistre Vandrick pediu que o avisassem da chegada de um corvo.

Os três haviam parado de discutir no momento que ouviram a palavra corvo e se voltaram para mim e Yan que sorrateiramente voltou aos seus afazeres.

Seguimos juntos ao salão, andávamos com pressa e de passadas largas, e lá estava o meistre Vandrick com a carta em suas mãos trêmulas e manchadas da idade, nos posicionamos na frente dele o qual estava sentado em uma cadeira, pois não conseguia mais se manter e pé, e com a sua voz rouca e fraca começou a ler a carta que viera de Correrrio.

“Aos Blackwood

A morte assombrou Correrrio e levou todos os Tully legítimos com ela nas mãos de um assassino, apenas a jovem Holly sobreviveu, mas está desaparecida. O assassino foi encontrado em meio ao bosque próximo a Correrrio.

Com a morte de todos os membros legítimos da casa Tully, o decreto de sucessão escrita pelo Lorde Groover Tully entrará em vigor, sendo assim o novo Protetor do Tridente será o primogênito da família Blackwood. Para que isso seja feito, os herdeiros da casa Blackwood estão sendo convidados a permanecer em Correrrio para auxiliar nas buscas pelo real mandante desse crime”.


Não prestei atenção no restante dos parágrafos, eram apenas coisas repetitivas sobre a nossa presença em Correrrio. A mensagem da carta parecia ter sido imergida num breu da morte, podia ser apenas um papel com tinta segurada pelas mãos inermes do meistre, mas dentro de mim eu me sentia com as mãos dele, fraquejando, com o peso das palavras ali escritas.

Pensei na morte covarde em leito adormecido, no desaparecimento da bastarda e no assassino. Um conjunto de situações que podiam se interligar, mas, como um tecido a ser costurado, faltavam alguns pontos na costura para se transformar num vestido.

Deslizei meu olhar para Cecil, seus olhos marejavam, deduzia que ela estivesse pensando em Rickard, eram próximos, por mais que eu soubesse que ela nunca havia se afeiçoado a ele de maneira que pudéssemos casá-los, sabia que ela guardava um carinho desde criança pelo primogênito dos Tully. Deslizei meu olhar novamente a Ethan e Tymo, Ethan parecia tenso, entrelaçava os dedos um nos outros e soltava leves bufadas na tentativa e aliviar a tensão, enquanto Tymo acariciava sua barba rala franzindo sua testa e balançando sua cabeça negativamente, seu semblante era indignação.

E eu... bem, eu senti... medo, eu  estava em uma posição a qual eu não fui criado para estar, nós crescemos para sermos vassalos e obedecer, ter pequenas responsabilidades com o povo e com as nossas terras, e agora eu seria Protetor do Tridente, seria responsável pelas Terras Fluviais, meu castelo seria Correrrio, Tymo seria o Lorde Blackwood de Solar, Cecil seria uma Lady de uma Casa Grande, e Ethan teria que definitivamente parar de se embebedar e a estar com prostitutas para me auxiliar. Nada seria como essa última semana foi. Eu que pensei que por um momento, apenas o Conselho havia nos tirado de Solar, com isto, definitivamente toda a nossa família iria se restruturar.

-Se está foi a vontade do Lorde Tully, é que de grande confiança nosso pais e nós tivemos em relação a casa como vassalos. Agora, como Protetor do Tridente, Lorde Blackwood, que agora é uma Casa Grande, devemos nos preparar para partir amanhã antes do nascer do sol para Correrrio e chegar ao real responsável por esse crime. Minha esposa e meu filho novamente ficarão sobre sua responsabilidade Tymo, assim como castelo e todas as obrigações locais, pois a partir de hoje, você será o Lorde Blackwood de Solar Corvarbor.  Ethan, dessa vez você virá conosco, está na hora de conhecer como a nobreza é.

Para os meus irmãos, eu teria que ser o pilar, teria que o forte, teria que ser mão que os levantasse caso caíssem, mantive-me firme, minhas palavras não falharam, mas temi por mim, temi por eles.
-Perfeito. – Disse Tymo. Sua voz saiu num sopro de desespero. Mantinha-se sereno em seus gestos, mas o modo com que olhava para Cecil me preocupava.

Ethan pareceu surpreso com a minha decisão, arqueou as sobrancelhas e balançou a cabeça assentindo com a minha decisão, passou a mão entre o cabelo bem cortado e não me disse nada, apenas saiu do salão como sempre fazia quando discordava de algo.
-Deixe-o ir, ele deve polir a armadura dele. E ajeitar suas armas. – Disse Cecil na tentativa de deixá-lo em ir sem tomar uma bronca.
-Você está bem? – Perguntei preocupado
-Eu só preciso comer algo e descansar. Deixarei que meu escudeiro arrume minhas coisas, eu o levarei comigo dessa vez. – Respondeu com a voz firme.
-Irei solicitar vinte homens para que os protejam na chegada. – Comunicou Tymo.

Gostaria de ir até os Deuses Antigos, sentir a presença deles, queria ouvissem nossas preces, e nos respondessem com as suas bênçãos e conforto. Porém, se eu estivesse na presença deles eu não saberia se os agradecia ou lamentava a eles sobre a perda, eu só sabia que precisava estar na presença deles. Havia uma necessidade muito grande de paz no meu coração, eu não conseguia me concentrar em nada, se não apenas no que havia de vir em minha vida.
-Algum problema ? – Perguntou Olya com o seu corpo sobre o meu.
-Eu não sei se irei conseguir, isso pode causar uma rebelião.
-Então abdique. – Disse minha esposa impaciente.
-Fomos criados para obedecer até o último momento, e este foi o último decreto de Grover Tully, e eu vou honrar.
Olya virou-se ao meu lado e se colocou a dormir antes mesmo que eu pudesse beijá-la, estava aborrecida, como sempre, todas as vezes que eu citava algo que precisava ser feito, ela passava a me ignorar.

Para todos os demais lordes éramos reconhecidos por vivermos apenas em nossas terras, não costumávamos sair do castelo se não fossemos obrigados, ou no caso do Lorde Tully, quando ele nos convidava a estarmos presentes. Fomos criados a obedecer. Sem responsabilidades grandes, nunca almejamos nada a mais do que tínhamos. Fomos criados a estarmos juntos dos nossos. Criar um laço social com alguém que não fosse da família sempre foi uma tarefa a qual nunca estivemos prontos; isso refletia no meu casamento quando eu não soube bem escolher uma esposa como os meus pais gostariam; no duvidoso cuidado excessivo de Tymo por Cecil, sendo ela o padrão de mulher ideal para nós; Cecil e sua dificuldade de ver homens como futuros maridos e não adversários; nos envolvimentos despretensiosos de Ethan com as mulheres subordinadas e prostitutas. Fomos criados para viver as vidas que nossos pais nos colocaram e eles acreditavam nessa cultura. E neste momento, tínhamos uma dívida muito maior do que podíamos pagar naquele momento.

Tomei o meu lado e adormeci levemente, pedindo aos Deuses Antigos que nos ouvissem naquela noite.




Deuses Antigos ouvi-los
Cecilian Blackwood
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[Trama Secundária I] O Cheiro, O Luto e o Tridente Empty Re: [Trama Secundária I] O Cheiro, O Luto e o Tridente

Mensagem por Cecilian Blackwood 08.10.17 1:19

Cecilian Blackwood



A noite estava agradável, meio quente, mas agradável. A luz da lua atravessava meu quarto e vinha até a minha cama. Era uma noite linda. Penteava meus cabelos em frente ao espelho com a ajuda da dama enquanto ela tagarelava sobre um futuro casamento para ela, afinal eu iria para Correrrio.

Minha dama se chamava Julliety Rivers, bastarda do meu tio mais novo, irmão do meu pai; tínhamos a mesma idade, entretanto a criação dela sempre foi para que me servisse. Nós éramos próximas, mas desde a morte de meu pai, nos tornamos confidentes e mais próximas, eu amava ouvi-la antes de dormir, trazia certa calmaria.

A cama devidamente arrumada para que eu adormecesse, retirei meu vestido vagarosamente com a ajuda da dama e coloquei a camisola de tecido leve quase transparente ao corpo, dispensei a jovem, e estava para me embalar na cama quando os pensamentos em devaneio vieram me assombrar a noite. Encolhi-me. Mas o sono parecia ter desaparecido no meio da noite. Rolei de um lado ao outro e dentre tantos pensamentos sobre a ida, pensei em mim.

Além da Lady Blackwood de Correrrio, quais seriam minhas responsabilidades? Voltaria para Solar Corvarbor, caso Tymo não se casasse com Sophitia? Temi por ele, há tempos ele não conseguia vê-la, há tempos ele nem mesmo pronunciava seu nome. Lembro-me exatamente quando meus pais sugeririam a garota esguia e de cabelos de fogo quentes como o verão para ser esposa Tymo, e ele bem não se importava muito com isso, não se importava em não ter alguém para estar do lado dele, porém, o momento para se estar casado era exatamente esse pelo qual ele iria passar.

A vida de Ethan era algo tentávamos ignorar, ele era homem e deveria saber o que estava fazendo com a sua própria vida. Entretanto, ele ultrapassava toda a criação que nossos pais havia nos dado, apenas para satisfazer o seu desejo de sua carne. Dessa vez ele iria conosco, iria ver como eram as regras duras e o que deveria fazer. Casaria com uma nobre. E...

Meus pensamentos foram interrompidos no abrir repentino de minha porta, não me levantei e nem perguntei quem era, estreitei-me na cama, deixando apenas um feixe dos meus olhos para fora dos lençóis. Notei o semblante cambaleando e tropeçando no tapete estendido em frente a minha cama, seu corpo se estatelou no chão e ficou. Caíra num ronco pouco depois de sua queda. Eu já sabia exatamente quem era, levantei-me e me deparei com Ethan. Pensei em chamar Tymo para retirá-lo de meu quarto. Mas resolvi deixá-lo e ir dormir com o Tymo, Ethan roncava demais quando estava bêbado.

Andei em passos leves em direção ao quarto de meu irmão, quando ao fundo do corredor, ouço um choro manso de bebê, acompanhei e me deparei com a porta entreaberta do quarto de meu irmão Tristan, o pequeno Percy chorava manso, resmungava e mexia os pés na tentativa de sair do berço. Vagarosamente passei pela porta, olhei para os pais, eles pareciam realmente cansados, tomei o pequeno Percy em meus braços.

Ele balbuciava coisas que não compreendia, barulhos que bebês faziam com a boca, sua roupa parecia úmida, tomei a iniciativa de pegar alguma muda de roupa seca para trocá-lo na pequena cômoda. Troquei-o e tomei novamente em meus braços para sair do meu quarto.

Percy era um bebê lindo, quando o olhava, surgia-me uma vontade enorme de casar e ter um filho, um segredo meu o qual eu confidenciava apenas para Julliety. Sem sono. Minha intenção era estar com ele até que ele voltasse a adormecer, amava passar um tempo com ele pelo castelo, Olya era quem não gostava muito que nós ficássemos adulando ele, ás vezes eu não a suportava com as suas limitações com o nosso pequeno Percy. Eu entendia que ela era a mãe, mas fazia parte da nossa família admirar o primeiro herdeiro.

Queria que minha mãe o tivesse embalado em seus braços, como eu o embalava pela calmaria dos corredores do castelo, comecei a cantar uma canção que costumávamos cantar as crianças, meu pai mesmo cantou para nós incontáveis vezes. A canção dizia:

“The birds sing every day
The Wind dances with trees
Being your name
A sweet melody
Everything they do
It’s all for you
River child
Growing, and growing
Strong, strong
Will be yours
All my love”


O meu ombro estava coberto de sua baba e de suas leves mordidas devido os primeiros dentes que estavam nascendo; ele apertava com força como se estivesse aflito com aquela situação. O embalei novamente com a canção para desviar sua atenção da angústia de seus novos dentes.
-Sabe, eu também estou muito angustiada. Essa viagem não será nada fácil – Comecei a conversar com ele. – E você será forte como seu pai, um grande líder e Protetor do Tridente. E seus Bracken tentarem te tirar do poder, mate-os.

A noite sem dormir estava me afetando, comecei a conversar com o meu sobrinho contando histórias que nossos pais contavam quando nossa linhagem era composta de reis, como nos tornamos vassalos e agora seríamos uma casa grande novamente.

Tomei-o novamente no colo, depois de deixá-lo engatinhar pelo carpete do grande salão; enquanto aos poucos soldados soldavam o castelo, alguns soltavam breves risos ao me verem lidar com o pequeno Percy.

-Este é o seu pai. – Mostrei a ele o quadro onde seu pai segurava uma espada e um escudo. – Este é tio Tymo – Apontei para figura de Tymo pintada segurando seu arco-flecha. – Esta é sua avó. – Minha mãe repousava a mão sobre o meu ombro. – E este...

-Acho que ele já dormiu, m’lady – Interromperam-me num sussurro em meu ouvido. Era Tymo. -Deveria estar descansando.

O pequeno babão dormia em meus braços quando o coloquei novamente no berço, saí vagarosamente do quarto de Tristan enquanto Tymo me aguardava.

-Sua voz continua bonita como sempre. – Disse Tymo.
-Ouviu-me cantar? – Fiquei admirada e com as bochechas coradas.
-Não é muito difícil ouvi-la cantar quando eu sou seu irmão, e nos dias bonitos somos gratificados com a sua voz. O homem que casar com você terá uma grande esposa, para isso ele terá que ser um homem a sua altura.
-Pensei que casamentos não seriam bem recebidos no momento.
-Nunca serão, digo isso por mim, não sei o que Tristan pensa sobre isso. Na verdade tínhamos apenas Rickard que era o predileto de nosso pai, agora não nos sobra muitas escolhas.
-Eu podia apenas ficar aqui e cuidar dos seus filhos.

Ele paralisou perdido no que eu havia dito, seu semblante não associou o fato de que tinha alguém para se casar, ficou confuso por alguns momentos, lembrou-se da bastarda dos Frey, e franziu a testa em decepção. Tymo e Sophitia eram casal que os Deuses não aprovaram, mas os homens por insistência o fizeram aceitá-la em sua vida, uma mulher que extrapolava um pouco o jeito com que lidava conosco e ultrapassava os limites de Tymo que só queria se manter em seu quarto no dias chuvosos, tentara tantas vezes agarrá-lo que quando ela vem nos visitar, o quarto é trancado para que ela não tente visitá-lo a noite.
-Sophitia o ama.
-Ela nunca foi atraente para mim, mas agora que serei Lorde, o casamento será adiantado.

Uma série de dúvidas veio em minha mente, e eu estaria de partida naquela manhã, eu precisava ouvir dele, o que ele sentia, ou se eram apenas comentários que Ethan sentia o prazer de disseminar. Meus lábios estavam prontos para perguntar a ele aquilo que ás vezes me rondava quando ele se aproximava de mim, mas temi.

A madrugada avançou. Meu sonho foi curto. E o cansaço caíra sobre meus olhos. A viagem seria exaustiva, e não havia dormido como deveria, sabia que seria mais difícil do que as outras viagens. Acordei com a movimentação no quarto, a minha dama quem me despertara para que eu pudesse me levantar e seguir viagem. Ethan não estava mais em meu tapete, pois Tymo o levou para o quarto dele.
-Lady Blackwood de Correrrio. – Disse Julliety enquanto penteava meus cabelos. – Sentirei sua falta. – Declarou ela.
-Prometo que virei te buscar. – Disse a ela. – Na minha ausência sirva Olya, e futuramente Sophitia.

Ela assentiu com a cabeça e terminou de prender os meus cabelos, pedi a ela que chamasse meu escudeiro Bryan Malliester, o sobrinho do Lorde da Casa Malliester. Eu estava pronta para partir.

No pátio, em frente ao castelo, Bryan trouxe meu cavalo, foi neste momento que notei que Ethan não estava presente. Olhei entre cada soldado, e ele não estava entre nós. A raiva consumiu meu coração e soltei algumas palavras torpes durante a minha ida ao quarto dele. Recorri a Tymo antes que Tristan descesse, e lá estava ele, deitado em sua cama cheirando seu próprio vômito.
-Ethan! – Gritei o puxando com toda força ao chão.

Ele reagiu no susto, levou a mão à cabeça, olhou para mim com os olhos pesados de cansaço, e os fechara novamente como se não os conseguisse manter aberto. Despertamos a idéia de trocá-lo e o arrastar até os cavalos, eu o levaria sobre o meu até que ele despertasse e pudesse cavalgar.

Ethan era uma criança mimada quando queria; tudo aquilo que ele fez foi com o único intuito de termos piedade dele e deixá-lo com Tymo. Mas Tristan concordou, e deixou que eu o levasse mesmo que ele não quisesse, a cada distância que eu achava considerável, deixava-o cair propositadamente durante o caminho. Na quinta vez ele mesmo tomou o cavalo e veio nos acompanhando com o semblante nada amigável.


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Cecilian Blackwood
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[Trama Secundária I] O Cheiro, O Luto e o Tridente Empty Re: [Trama Secundária I] O Cheiro, O Luto e o Tridente

Mensagem por Cecilian Blackwood 10.10.17 10:34

Cecilian Blackwood



A viagem foi constante, andávamos sem muitas paradas, Ethan reclamava quase o tempo todo de tédio, parecia que ele buscava uma tentativa de irritar Tristan pelo fato da decisão que ele havia tomado. Até que enfim chegamos a beira de Correrrio, o grande castelo construído no meio das águas, era uma “Castlisland” como chamávamos quando éramos crianças, afinal parecia uma ilha no meio das águas.

Todos diziam que, se você planeja ficar nas Terras Fluviais, você terá que ter um forte castelo, ao contrário das outras Casas que tem seus fortes naturais, como Gargalo no Norte, ou o Sol estridente de Dorne, nós das Terras Fluviais não tínhamos nada. Solar de Corvabor estava uma alta colina, era o máximo se segurança tínhamos. Já Correrrio foi construído no encontro dos rios, Rio Vermelho e Pedregoso, pois, nem todos os soldados sabiam nadar, e as armaduras pesam; aqueles que ousassem atravessar sem armadura eram mortos pelos arqueiros, uma estratégia brilhante, principalmente se a invasão fossem pelo oeste, onde havia um grande fosso que ao ser aberto inundaria todo castelo, realmente se tornando um Castlisland.

Levantamos nossos estandartes, descemos de nossos cavalos e vimos soldados enfileirados nos observando. Ethan como chefe de nossos soldados, elevou a voz:
-Lorde Tristan Blackwood, Lady Cecilian Blacwood e eu, Lorde Ethan Blackwood! Desejamos entrar – Ele mostrou a carta que recebemos; não que alguém pudesse ver naquela distância, mas não éramos de nos apresentar muito bem.

O portão de madeira foi descido e continuamos a andar pela estreita ponte, andávamos em um ritmo vagaroso, como se estivéssemos hesitando em entrar, como se estivéssemos evitando nossa responsabilidade com que tínhamos no momento. Eles levaram os nossos cavalos e reverenciaram Tristan. Quando olhei em volta, aos poucos as bandeiras estavam sendo trocadas, as trutas dividiam espaços com o nosso represeiro branco com os corvos, os tons de azul e amarelo, misturavam-se com os tons de vermelho, preto e branco. Nós estávamos em casa, o cheiro estranho de Correrrio fazia parte de nós, antes cheirávamos a bosque, arvores e terra molhada, mas agora cheirávamos a rio.
-Deuses Antigos ouvi-los. – Saudou um dos chefes dos soldados que era Blackwood, era um dos primos do meu pai.
-Deuses Antigos ouvi-los. – Respondemos.

Nosso lema era forte, nós éramos religiosos, tínhamos práticas em nosso bosque sagrado e tínhamos amor pelo que acreditávamos, éramos os únicos em terras fluviais que acreditávamos nos Deuses Antigos, uma das razões de nossas batalhas com os Bracken que venderam sua fé. “Deuses Antigos ouvi-los”, uma prece de intercessão para que os Deuses Antigos nos ouvissem, ouvissem o nosso povo, ouvissem a todos que clamassem a eles. Por isso, muitos nos chamavam de “O Norte das Terras Fluviais”.

“Família, Dever e Honra”, eu achava um lema lindo de se viver, principalmente a ordem. Eu nunca gostei de Rickard para ser meu marido, sempre o achei fraco, mesmo que eu fosse sua Lady, não suportaria arcar com o peso de carregar um filho dele, mas se tinha algo que gostava, era quando ele dizia o lema de sua Casa, suas voz era tão doce, tão forte e ele tinha sua beleza peculiar. Meu coração se aqueceu apenas ao lembrar de sua presença em minha vida.
-Família, Dever e Honra. – Disse Ethan enquanto aguardávamos no salão olhando para o último estandarte que ainda se mantinha dos Tully.
-Sempre achei bonito, o jeito que Rickard dizia e seguia essa ordem. – Comentei.
-Se tivesse casado com ele, estaria morta. – Disse Ethan se aproximando
-Eu e meu suposto bebê. – Temi por um momento.

Pela aproximação de nossas Casas, após o nascimento dele, acreditava fielmente que íamos nos casar, havia planos para que eu me tornasse a Lady Tully de Correrrio, havia um vestido, havia promessas de meu pai a mim, mas nunca houve um acordo concreto. Quando chegamos a idade adulta, o meu pai ainda vivo disse a mim que eu deveria me casar com ele, porém eu neguei, assim como ele negou a mim também, afirmando que ele muito novo para arcar com um casamento. Na verdade Rickard sempre foi desinteressado com tudo, era um pesadelo quando nossos pais nos forçavam a dançar nas poucas festas que freqüentamos, ele sempre tinha aquele semblante de desprazer em me ver, fazia questão de errar os passos e pisar em meu pé para finalizarmos a dança rapidamente, eu juro que tentei gostar dele por amor aos meus pais, mas ele em si fazia questão que eu não gostasse. Entretanto na última vez que nos vimos, ele foi mais gentil, talvez porque ele estivesse livre de se casar comigo, nossa conversa foi prazerosa e ele me deu um presente, uma carta, com versos e dizeres para mim.
-Cecil, em algum momento gostou dele? – Perguntou Ethan enquanto andávamos pelos corredores.
-Eu tentei por vocês, mas nunca. – Respondi rispidamente. – Mas hoje eu sei que o amo, porque ele está morto. – Senti o poder da morte em mim.

Tristan, Lorde Tristan Blackwood de Correrrio, Protetor do Tridente, reverenciado por todos nós, não houve cerimônia, apenas uma demonstração de passagem de poder, onde o decreto do Lorde Groover Tully foi lido e o poder foi passado ao nosso “Tristan, o gentil” – era como todos da família caçoávamos dele.

As Terras Fluviais sempre foram conhecidas por derramamento de sangue, antes, como vassalos só dizíamos o que nosso Lorde nos pedia para dizer, se nossas batalhas com os Bracken cessaram, foi devidamente a intervenção do Lorde Groover Tully para nos manter em um tratado de paz. Agora ele estava morto, nós estávamos no poder, e tínhamos consciência que algumas Casa poderiam não se agradar da decisão. Além dos Bracken, os nojentos dos Frey e ainda tínhamos que lidar com os ladrões e estupradores dos homens de ferro.
-Deuses Antigos ouvi-los – Dissemos, eu e Ethan o reverenciando perto da mesa.

A capa preta revestida por penas de corvos estava presa em seus ombrais com o torso coberto de aço escuro e fino próximo ao peito, a malha vermelha o revestia por dentro. A armadura estava bem polida, eu podia ver meu reflexo em seu peitoral que tinha nosso brasão estampado. Com os cachos claros e olhos azuis, este era o nosso Lorde Blackwood de Correrrio, Protetor do Tridente, filho de Beren e Luthien Blackwood, metade corvo e metade urso. “Que os Deuses Antigos tenham compaixão de nós, de você, de todos.” Supliquei em meus pensamentos.
-Vocês são meus irmãos. – Respondeu Tristan. – Não, precisam...
-A situação é diferente, Lorde Blackwood, precisa ser firme, até mesmo conosco. – Interrompi-o. –Somos uma peça importante para esse reino. Temos sangue de reis, e este é o momento para que possamos aprender com eles.

Tristan recolheu as palavras e pareceu intimidado comigo, pediu para que eu e Ethan ficássemos próximos dele para então darmos início ao julgamento do assassino. Não hesitei, afinal ele não tinha sua Lady, tornando-me sua conselheira e Ethan, chefe da Guarda.

Ethan estava revestido com o seu aço por inteiro o qual também era cinzento escuro, era um aço extremamente pesado, pois a armadura era toda detalhada parecia ser uma crosta de árvore em aço, os relevos detalhados, as fricções, era um pouco intimidador, sua capa vermelha estava presa por seus ombrais, havia também uma malha vermelha por baixo, e o símbolo da Casa estampado na capa e em seu torso na frente.

Eu não estava com a minha armadura, estava apenas com malha de aço por baixo do meu vestido vermelho sangue com detalhes cinzentos como os das minhas pedrarias presas ao meu pescoço e orelhas; minha mãe sempre me ensinou que havia momentos certos de colocá-la, a necessidade de usar uma armadura dentro de um castelo era apenas se estivéssemos  em guerra, eu poderia dizer que estávamos, por mais que não estivéssemos batalhando com ninguém, uma guerra estava acontecendo, silenciosamente, mas estava.

[Trama Secundária I] O Cheiro, O Luto e o Tridente OibsXHZnk1GVORO_4YZKSu7MOc_aIHbChENCveqXRB4AP0xooaF4U0fEw0cj_OowaZoMtmkUBT9mww6MpncFEx2EE-rxdIQ=w500-h250-nc


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[Trama Secundária I] O Cheiro, O Luto e o Tridente Empty Re: [Trama Secundária I] O Cheiro, O Luto e o Tridente

Mensagem por Cecilian Blackwood 12.10.17 23:23

Tristan Blackwood


Olhos curiosos me perseguiam a cada gesto que eu conduzia, olhos que julgavam e cochichavam para aprovação do poder concedido ou não a mim. As minhas mãos começaram a suar, queria me livrar as luvas, mas temi a perseguição. Deslizei meus olhos aos meus irmãos que pareciam mais tranquilos do que eu. Na verdade, Ethan parecia engolir a seco de tempos em tempos pela situação de exposição.

Não era de nosso costume estarmos sendo o centro de tantos olhares ou melhor ter o poder que a família agora tinha sobre as outras casas. Tentei sair do meu devaneio cheio de temores, firmei meu olhar e minha voz foi elevada.
-Tragam o assassino da família Tully.

Com quatro homens o rodeando, colocaram-o ao meio do salão para que o julgamento se iniciasse. Aparentava ser um homem comum, de algum vilarejo talvez, cabelos desgrenhados e uma barba que lhe cobria a face.
-Este homem foi encontrado com a arma e roupas ensanguentadas - Disse um chefe dos soldados.
-Como ele entrou? - Perguntei.
- Não sabemos ao certo, m'lord. Ele não nos disse nada e nem quem foi o mandante do crime.

Ele parecia não temer o que vinha após, as marcas em seu rosto demonstravam a tentativa dos homens de tirar algo dele, mas as informações necessárias não foram sucedidas. Ele estava  calmo e sereno, causou um arrepio em Cecil, senti seu corpo estremecer por inteira quando ele chocou os seus olhos nela.
-Ele é estranho. - Ela sussurrou em meu ouvido. - Algo nele não me parceria normal.

Tínhamos essa mania desagradável de ficar observando as pessoas em festas, reuniões e conselhos, nossa mãe dizia que tínhamos que ser detalhistas em tudo, principalmente em lugares de muitas pessoas, não sabíamos nunca o que poderia vir depois de barrigas cheias e bebidas. Cecil por si só acertava muitas vezes em julgar as pessoas apenas por observa-las. Confiei no que ela havia dito.
-A entrada dele deve ter sido pelos mantimentos ou alguém o deixou entrar. - Tomou Ethan a palavra.

Os burburinhos começaram a surgir pelos presentes, Ethan havia atiçado ainda mais a imaginação das pessoas em volta. Mas eu sei que meu irmão não tomaria certa atitude se não tivesse certeza do que estava propondo.
-Muito mais provável que alguém o colocou para dentro. - Conclui.
-Está insinuando que há um traidor entre nós? - Perguntou o meistre.
-Não, mas que alguém o colocou por engano. - Respondi.

Eu jamais insultaria a fidelidade dos servos aos Tully, era um povo deveras fiel com os seus senhores.
-É muito difícil entrar em Correrrio se você não é aliado ou pelo menos se parece com algum. - Concluiu Cecil em meu ouvido. - Ele deve ter se passado por alguém.

Nossos pensamentos estavam trabalhando em conjunto, eu sabia que estávamos próximos a chegarmos numa conclusão. Lembrei da história que meu pai contava dos Homens sem face, homens que se passavam por pessoas para assassinar a mando de alguém, eles não transmitiam nenhum tipo de emoção. Mas não levei mais o assunto adiante para que não gerasse mais confusões.

Porém não era mais necessário mais delongas, tomei minha espada e me levantei da cadeira de madeira.

-Que eu mesmo tome o julgamento. - Elevei a minha voz.

O assassino foi levado ao pátio e lá colocado para ser executado. Posicionei minha espada perto de seu rosto. E me pronunciei:
-Pelo assassinato de Lorde Groover Tully, sua esposa e seu herdeiro, eu o declaro culpado e sua punição será a morte.

Puxei a espada acima de minha cabeça e atravessei seu pescoço com a minha lâmina. O sangue jorrou, não muito, mas se espalhou pela espada, e principalmente em minhas mãos. Era a primeira vez que não havia mandado ninguém fazer isso por mim, mas como Protetor do Tridente senti no dever de compensar o julgamento com as minhas próprias mãos.

Temi pela garota, assim como a bastarda poderia estar sendo a mandante, como uma boa parte acreditava, ela podia estar morta e jogada em algum lugar, ou fugiu para que não fosse acusada.

Que os Deus Antigos contemplem nossos momentos e nos cubra com a sua glória.


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[Trama Secundária I] O Cheiro, O Luto e o Tridente Empty Re: [Trama Secundária I] O Cheiro, O Luto e o Tridente

Mensagem por Filho da Floresta 13.10.17 2:01

Terras Fluviais: Um Mercenário se infiltrou em Correrrio pelo esgoto do Castelo, foi contratado por alguém misterioso para assassinar o Herdeiro Tully. Ele irá atacá-lo enquanto dorme, na madrugada. Deverão narrar não só como salvar a vida do Herdeiro (ou se preferirem, matá-lo ou machucá-lo, vai do próprio desenvolvimento do enredo), capturar o mercenário e interrogá-lo para descobrir o mandante do crime.

1. O desenrolar inicial da trama foi bastante lento, o que causou certo tédio em determinados trechos durante a leitura. O clímax, que só chegou nas partes finais do texto, diminuiu isso a medida que você entra no castelo para o julgamento.

2. Senti a falta de uma maior descrição sobre o crime cometido. Seria interessante ter esquematizado uma narração onde focasse mais o assassino, descrevendo suas ações e o fazendo deixar alguma pista, tornando possível interligar essa pista e, no julgamento, causar um maior impacto na decisão, condenando-o com uma acusação concreta. No entanto, decapitá-lo como prevê o julgamento dos deuses antigos também foi uma boa saída, e não diminuiu a qualidade da história.

Considerações Finais: Os Tully perdem a susserania das Terras Fluviais, passando esta posição agora aos Blackwood. Os demais lordes da região juram lealdade a você, e a desconfiança só não é gerada por quê o principal culpado do crime é a garota desaparecida, livrando os Blackwood de mais acusações e suposições.

Conclusão: A trama está concluída, sem necessidade de acrescentar algo.
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